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O Tambor

 Dentro do mundo  xamanico, dentro do mundo primitivo tudo em volta é sagrado.

Na busca do tambor, você tem que passear de fato, por todas as crenças, porque muitos usam o tambor como instrumento de passagem, instrumento que facilita e que altera esse campo de entendimento da nossa consciência.

A consagração do tambor começa desde a caça ao animal, que irá sacrificar para fazer o tambor, que é a busca do couro, e a busca da matéria para o arco e  depois a junção desses elementos, o casamento e a restauração do animal que existe dentro dele, (do tambor) pois existe um espírito que é guardião.

Existe o tambor de jornada e o tambor que não usamos muito hoje, que era o tambor que dava o som para as batalhas, que tocavam enquanto o Guerreiro estava se preparando, era esse o tambor que tinha que ser tocado, o do Guerreiro! Não era o tambor de cura, esse só era tocado no retorno das batalhas e se voltasse alguém, já na ida tinha que se colocar o espírito do guerreiro.

Se pudéssemos começar matando o animal, consagrando, libertando o espírito dele e fazendo todo o percurso seria perfeito! Mas, se  o tambor chegou prontinho e não verei essa parte, porque me agride, agradeço a presença dele, acolho o espírito dele, consagro e determino: “Esse tambor é para mim: um tambor de cura, um tambor de jornada, um tambor de busca, um tambor do guerreiro porque preciso ter forças para enfrentar a vida, enfrentar as dificuldades, enfrentar os meus medos.” E você senta para tocar para o seu Guerreiro.

No Ritual da caçada tem a troca, o respeito, a oferenda, a libertação do espírito do animal para que ele volte na forma de outro animal, esse ritual é em  respeito ao animal que irá alimentar toda a aldeia e eles sabem que com esse ritual eles estarão comendo a carne e não o espírito do animal, eles aproveitam tudo da caça.

Quando o homem branco começou a chegar às Reservas e aniquilar os búfalos somente por um motivo que era a pele, eles não compreendiam isso e sofriam muito! Por que o homem branco matava tantos búfalos, retirava a pele e deixa ali a carne apodrecendo? Isso foi massacrando o espírito dos nativos, muitos morreram por conta dessas imagens e dessa forma de vida que eles não compreendiam. Porque eles foram ensinados a respeitar o todo.

O tambor ritualístico não deve ser tratando como um instrumento musical, não deve sair para festas, porque você irá usar no seu momento de meditação, no seu momento de busca, no seu momento de esclarecimento, é deixar que ele toque, deixar que ele te leve, porque ele conduz! Quando tocamos no resgate de alma ficamos presentes de corpo aberto, porque estamos tocando para o outro, agora quando você toca para você, você fecha os olhos e deixa que o tambor por si só toque, às vezes você começa no comando, mas depois ele mesmo dá o ritmo e você não está mais com o mecanismo ligado, ele flui, esse é o momento da passagem, da sua jornada aonde o espírito do cavalo lhe conduz.

O som surge através da materialização do toque, quando você começa a trazer essa onda de movimento, que é tocar e o couro começa a balançar emanando o seu pedido, ele se espalha, o som se espalha, é como o cachimbo quando fazemos a oração e soltamos à fumaça e a fumaça some e vai até o Grande Espírito. Assim, é a presença do som ela entra e atravessa, se você toca o tambor perto, você sente o corpo todo vibrando é aí que percebemos que somos feitos de pedaços.

Devemos lembrar que todas as vezes que tocamos no tambor de alguém, temos que pedir permissão, mesmo que a pessoa não esteja presente, você deve pedir permissão ao espírito do tambor porque ele escuta, e você não entrará no campo do outro e se acaso a pessoa lhe negar, não se deve ficar chateado,  temos que respeitar que naquele momento o tambor não quer tocar. Também não devemos tocar, nem jogar nada a ninguém (quando se vai passar algo para outra pessoa) são coisas que movimentam muita energia e não temos a percepção dessa energia que está em nossa volta, não conseguimos ver com clareza tudo e muita coisa está por aí....

O tambor puxa muito você para a terra, ele ativa dentro de nós as sensações da criação, do primitivo, da origem. Quando você escuta o som do tambor quer seja ele afro, xamanico, não importa! Ele tocando, você chega a perder o controle do seu corpo, esse espírito vivo onde você dança e se entrega, é muito mágico!

Nós devemos entender o relacionamento com o tambor, se você quer um tambor para lhe ajudar, para lhe trazer a cura, você deve tratá-lo como um ser curador, são crenças, você deve acreditar nisso para ter bons resultados.

Pelo que sabemos a técnica mais antiga de cura veio do xamanismo, muitas das outras técnicas vieram através do xamanismo e foram sendo adaptadas ao longo do tempo. Então, não há problema você usar o seu tambor na cura quântica, por exemplo, pois ele passa a ser mais um elemento agregador, porque o som é um grande instrumento que nos faz ir e vir.

Hô!

 

Gerardo Mesquita 

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